segunda-feira, 27 de abril de 2015

Nota da CNBB sobre o momento nacional

Os bispos reunidos na 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
realizada de 15 a 24 de abril, em Aparecida (SP), avaliaram a realidade brasileira, “marcada pela profunda
e prolongada crise que ameaça conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a
ordem democrática do País”. Leia, na íntegra, a nota

“Entre vós não deve ser assim” (Mc 10,43).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida em sua 53ª Assembleia Geral, em
Aparecida - SP, no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira,
marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de
1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. Desta avaliação nasce nossa palavra de pastores
convictos de que “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das
pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos
cidadãos” (EG, 183).

O momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que
desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a
autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca
de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise.

A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer
prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. Projetos, como os que são
implantados na Amazônia, afrontam sua população, por não ouvi-la e por favorecer o desmatamento e a
degradação do meio ambiente.

A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em
hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos
sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise.

A corrupção, praga da sociedade e pecado grave que brada aos céus (cf. Papa Francisco – O Rosto da
Misericórdia, n. 19), está presente tanto em órgãos públicos quanto em instituições da sociedade.
Combatê-la, de modo eficaz, com a consequente punição de corrompidos e corruptores, é dever do
Estado. É imperativo recuperar uma cultura que prima pelos valores da honestidade e da retidão. Só
assim se restaurará a justiça e se plantará, novamente, no coração do povo, a esperança de novos
tempos, calcados na ética.

A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte
dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram
direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o
corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já
adquiridos pelos mais pobres.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, por exemplo, é uma afronta à luta histórica dos
povos indígenas que até hoje não receberam reparação das injustiças que sofreram desde a colonização
do Brasil. Se o prazo estabelecido pela Constituição de 1988 tivesse sido cumprido pelo Governo Federal,
todas as terras indígenas já teriam sido reconhecidas, demarcadas e homologadas. E, assim, não
estaríamos assistindo aos constantes conflitos e mortes de indígenas.

A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão
de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito. A
redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de
encarceramento num país que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de
qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os
adolescentes da delinquência e da violência.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor há 25 anos, responsabiliza o adolescente, a partir dos
12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Não procede, portanto,
a alegada impunidade para adolescentes infratores. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o
índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Ao invés de aprovarem a redução da
maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não
aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas.

O Projeto de Lei 3722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, é outra matéria que vai na
contramão da segurança e do combate à violência. A arma dá a falsa sensação de segurança e de
proteção. Não podemos cair na ilusão de que, facilitando o acesso da população à posse de armas,
combateremos a violência. A indústria das armas está a serviço de um vigoroso poder econômico que não
pode ser alimentado à custa da vida das pessoas. Dizer não a esse poder econômico é dever ético dos
responsáveis pela preservação do Estatuto do Desarmamento.

Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos
de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a
proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária,
se coloca nessa direção.
Urge, além disso, resgatar a ética pública que diz respeito “à responsabilização do cidadão, dos grupos
ou instituições da sociedade pelo bem comum” (CNBB – Doc. 50 n. 129). Para tanto, “como pastores,
reafirmamos ‘Cristo, medida de nossa conduta moral’ e sentido pleno de nossa vida” (Doc. 50 da CNBB,
Anexo – p. 30).

Que o povo brasileiro, neste Ano da Paz e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil, supere esse momento difícil e persevere no caminho da justiça e da paz.
Aparecida, 21 de abril de 2015

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida

Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM

Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

sexta-feira, 17 de abril de 2015

NOTA DE REPÚDIO DO FÓRUM GRITA BAIXADA.

NOTA DE REPÚDIO DO FÓRUM GRITA BAIXADA.

O Fórum Grita Baixada, criado formalmente em março de 2012, tem como objeto social a discussão, promoção, reivindicação e efetivação dos direitos humanos na Baixada Fluminense, neles inseridos os direitos fundamentais de todas as gerações, como o direito a vida, liberdade, propriedade, político, saúde, educação, segurança pública com cidadania, transporte, habitação, informação, saneamento básico e meio ambiente, entre outros.
Esta congregação de interesses denominada Fórum Grita Baixada, tem como limite e abrangência territorial a Baixada Fluminense em seu contexto sociopolítico e não geográfico, restando formada, assim, pelos 13 (treze) municípios identificados nominalmente como Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica.
 É importante observar que o Fórum Grita Baixada é fruto das irresignações de vários setores da sociedade civil organizada, entidades e movimentos sociais, para com o contínuo e perverso sistema de negação de direitos que sempre assolou a Baixada Fluminense, notadamente, a política de (in) segurança pública que passa ao largo de toda e qualquer necessidade da região, geografia esta que possui um contingente populacional de aproximados 4.358.295 de habitantes.
Neste contexto, O FÓRUM GRITA BAIXADA REPUDIA VEEMENTEMENTE A RECENTE RETIRADA DE 47 VIATURAS E RESPECTIVO CONTINGENTE POLICIAL DOS BATALHÕES DA POLÍCIA MILITAR INSTALADOS NA BAIXADA FLUMINENSE (20º e 21º BPM), fato que demonstra, mais uma vez, a falta de compromisso do Governo do Estado para com a região e em benefício de outras regiões do Estado do Rio de Janeiro, sempre agraciadas com melhores serviços e política de segurança pública que, acertada ou não, talvez um dia seja estendida a Baixada Fluminense.  
Sabemos que a segurança pública com cidadania não compreende apenas a atividade policial, mas a rotineira inexistência do serviço público eficiente desacredita todo e qualquer papel estatal em nossa região.
Infelizmente, o mesmo deve ser dito em relação à política de saúde, educação, enfim, todos os bens fundamentais que integram o rol dos inalienáveis direitos humanos do cidadão da Baixada Fluminense.  


Nova Iguaçu, 13 de abril de 2015. 

sábado, 11 de abril de 2015

Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Reforma Política Democrática

Há homens que lutam um dia e são bons,
há outros que lutam um ano e são melhores,
há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Bertolt Brecht

Acorda povo brasileiro. Nunca desde a redemocratização do Brasil nossos direitos estiveram tão ameaçados como hoje. Veja, por ex., a lei que regulariza a terceirização recém aprovada na Câmara de Deputados Federais. Nunca desde o Golpe de 1964 tivemos um parlamento tão conservador e reacionário como o atual. Pois bem, este parlamento quer impor ao Brasil uma verdadeira contrarreforma política. Seu projeto piora as regras do jogo político, alimenta a corrupção e impede a participação popular.

1. Se desde os anos 1990 o parlamento não queria a reforma política, hoje quer votar o mais rápido possível. O parlamento quer impor, atinge os pilares do Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. Este grupo quer: a)constitucionalizar  o  financiamento  empresarial  das  eleições  (Gilmar  Mendes,  ministro  do  Supremo Tribunal Federal, está impedindo desde 02 de abril de 2014 o fim da tramitação da ADIN – Ação Direta de  Inconstitucionalidade  –  ingressada  pela  OAB,  ação  que  já  possui  seis  votos  que  afirmam  seria inconstitucional o financiamento empresarial das eleições), b) acabar com o voto proporcional, c) impedira igualdade de sexo e d) acabar com a participação popular.

2. esta pressa do parlamento vem do receio que a agenda da reforma política cresça na sociedade e tomeconta das manifestações (receio do apoio popular ao fim do financiamento empresarial), pressão exercidapelas Campanhas do Plebiscito Constituinte e da Iniciativa Popular da Reforma Política Democrática. Emoutras palavras o parlamento está dizendo: "vamos fazer a reforma política antes que o povo a faça!"

3. diante disto é urgente intensificar a coleta de assinaturas da iniciativa popular e enviar as coletadas. 

4. o tempo político anda contra os interesses populares. A comissão da reforma política presidida porRodrigo Maia DEM/RJ quer votar o relatório no final de abril. Precisamos entregar mais de 1 milhão emeio de assinaturas antes disto para ter algum impacto na comissão e no parlamento.




Pessoal, a truculência e a agenda do congresso nacional estão atropelando qualquer projeto popular para uma Reforma Política Democrática.
Precisamos agir logo com criatividade e empenho. Caso contrário teremos uma contrarreforma política com as regras do jogo político ainda piores.
O Comitê Baixada preparou um texto, em anexo, sobre a conjuntura e com dicas para ajudar na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Reforma Política Democráticas e Eleições Limpas.
Estamos intensificando nossa agenda nesta reta final com mutirões de coletas de assinaturas - precisamos coletar nosso 1 milhão  e meio de assinaturas e enviá-lo à Brasília antes do final de abril.

A Coordenação do Comitê Baixada preparou uma agenda intensa e conta com todas e todos nesta empreitada:

AGENDA COMITÊ BAIXADA:

1) dia 13 de abril (segunda), 19 h, Audiência Pública sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular  - Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu (Comitê na mesa), com panfletagem e coleta de assinaturas;
2) dia 18 de abril (sábado), de 09 às 14 horas, panfletagem e coleta de assinaturas em Moquetá, Nova Iguaçu, concentração na praça em frente ao de Centro de Formação (com carro de som fazendo divulgação em 17 de abril);
3) 19 de abril (domingo), a partir de 18 horas, coleta de assinaturas na Festa de São Jorge - Igreja de São Jorge - Centro de Nova Iguaçu (responsáveis: Evandro, Flávio, Francis, Laurinda);
4) 21 de abril (terça) a partir de 18 horas, coleta de assinaturas na Festa de São Jorge - Igreja de São Jorge - Centro de Nova Iguaçu (responsáveis: Evandro, Flávio, Francis)
5) 22 de abril (quarta) a partir de 18 horas, coleta de assinaturas na Festa de São Jorge - Igreja de São Jorge - Centro de Nova Iguaçu (responsáveis: Evandro, Flávio, Josi);
6) 23 de abril (quinta) todo o dia, a partir das 09 horas, coleta de assinaturas na Festa de São Jorge - Igreja de São Jorge - Centro de Nova Iguaçu (responsáveis: Evandro, Flávio, Josi);
7) 27, 28 e 29 de abril - coleta de assinaturas na UFRRJ, atividade a corfrmar com alunos da UFRRJ (Flávio: responsável pela intermediação).
Como podem ver, com uma agenda tão intensa precisaremos de somar todas as nossas forças.
Convocamos, neste sentido, a todas e todos a reservarem um tempo para estarem nestas atividades de coleta de assinaturas, sobretudo nos dias 18, 19, 21, 22 e 23 de abril.
Venham com a camiseta da Campanha da Reforma Política, tragam pranchetas e canetas pretas/azuis para a coleta de assinaturas.
Leiam e reproduzam a carta em anexo pois ajuda muito neste momento.
Obs.: Estas são as atividades que propomos diante da urgência do momento. Mas seria importante que cada grupo local tomasse outras iniciativas para motivar e coletar assinaturas em seus bairros e municípios, assim como nas suas atividades de trabalho, movimentos e igrejas.
Importa é coletar mais e mais assinaturas e enviá-los à Brasília antes do final de abril.
PODEM ENTREGAR OS FORMULÁRIOS PREENCHIDOS NO CENTRO DE DIREITOS HUMANOS NO MÁXIMO ATÉ 27 DE ABRIL (sem atraso), DE 09 ÀS 18 HORAS.   
Coordenação do Comitê Popular da B. Fluminense por Reforma Política Democrática